Claro claríssimo, um poço d’água com água dentro.
Misturam se sol e o frio no orvalho rebento.
De tantas coisas lidas, as que ficaram, tento.
Assim foram os últimos dias vividos
Trazendo no pulso o amanhã acolhido.
Palavra é tinta, atómo arranjado.
E palavra é mais, éter em desenho
que com delicadeza e véu
Funde-se em papel no céu que tenho.
A rima é pouca a dar conta do dia.
Do mês nem se fala, tamanha alegria.
Varre-te daqui tristeza perplexa
Retira teu gancho travado na testa.
Vai te embora, uiva, murcha e sai.
Que no meu poço, posso, e a água não turva
Lá no meu poço, peço, cala muda
Que eu já não te quero mais.
Caroline Derschner