domingo, 17 de outubro de 2010

A menina e o lápis

Lápis na mão como flauta
Folha vazia sem pauta
Claves de letras
Verbalizar
(Sentia o brilho do inverno
Gato preto a olhar de terno)
Era um jeito só seu de cantarolar.

E escrevia pelos muros como quem canta,
Subia pelas paredes
O teto cheio de construções
De palavras aos montes
Que afoitas subiam as pontes
E faziam os seus sermões.

Mas a menina não tocava música
E a flauta dormia acordada
A espreitar a menina deitada
Escrevendo debaixo do cobertor...

Queria saber fazer algo de certo
Como quem beira o verdadeiro.
Queria, mas só chegava perto
Quando palavra e silêncio, a sós,
No branco papel, livre canteiro
Deixavam-na quieta a plantar sua voz.

3 comentários:

  1. Oi caroline obrigado por seguir o meu blog de design e meio ambiente, sugiro que você também conheça o blog http://sindromemm.blogspot.com

    Um abraço.

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  2. Pautas atrapalham na hora de escrever nas folhas além das bordas
    lápis na mão de quem tem imaginação traz beleza ao mundo
    que parece parar para admirar, em profunda comoção

    Não deixe de desenhar, mas nunca se esqueça
    que há muitas cores a mais no mundo
    do que podemos pegar
    há muito mais traços
    do que podemos riscar
    e há muito mais detalhe
    do que podemos nos atentar

    Que saia debaixo do cobertor
    quando achar que está pronta para enfrentar o mundo
    Lagar o lápis e pegar a caneta
    que é a ferramenta feita
    pra deixar a marca no mundo
    sem medo de errar

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