A água já se fazia por tardar. Havia esperado na janela a olhar para o céu, sem saber decerto o que aguardava. Sentia-lhe a inquietação segurar o passo rumo ao espetáculo que o trovão anunciava.
A brisa agitada serena por um instante, e o espaço de um suspiro prevê a chegada. A terra silenciosa abre os braços. Cai a primeira gota.
E se nós, como a terra, nos deixamos inundar, logo surpreende em nós o fluxo, transbordando o interior, regando as sementes. Pede lugar, abre passagem, limpa e cura, como dádiva a quem fora da prisão se aventura.
Nutre, porque o que limpa é também o que alimenta. E então, logo nos lembramos do que é feita toda a sede, emergindo vigorosamente do rio do esquecimento.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
A porta
É possível que o caminho levemente demarcado trace espelho ao longe? Visitado pelo constante e breve fugaz vislumbre, de que, entre duas sendas abre-se, meramente, imperceptivelmente, e quase que ao descuido, uma porta?
É quando sinto o cheiro e a textura dos dias que virão.. Me calo. A porta se fecha e o caminho ao lado segreda que só se faz caminho o chão pisado.
Volto à trilha dos dias conhecidos, em compasso, a respiração visita o traço, e a linha certa indica o alvo, acaricia a alma, ao que me acalmo.
De volta ao rumo, procuro a cadência da perfeição que há em todas as coisas. Simplicidade, humildade, respeito, verdade e amor, como sons suaves cantam baixinho para quem se põe a ouvir.
É noite e os grilos em orquestra acalentam o corpo, convidando ao sono infantil, leve, sem medo nem hesitação, apenas presença.
Mal o sorriso vem e permanece, abre-se novamente a porta, e por ela entrevejo, tão claro quanto seria possível traduzir em letras, a presença do que está longe, mas que de tão semelhante, anda sempre às voltas.
Então pergunto: o caminho que vejo ao lado, decerto será meu também? Ao que o silêncio, fiel conselheiro, responde: só será, na medida em que já é. E de caminho trilhado em caminho trilhado, põe se calmamente à frente o que aguardava tranquilo ao lado.
É quando sinto o cheiro e a textura dos dias que virão.. Me calo. A porta se fecha e o caminho ao lado segreda que só se faz caminho o chão pisado.
Volto à trilha dos dias conhecidos, em compasso, a respiração visita o traço, e a linha certa indica o alvo, acaricia a alma, ao que me acalmo.
De volta ao rumo, procuro a cadência da perfeição que há em todas as coisas. Simplicidade, humildade, respeito, verdade e amor, como sons suaves cantam baixinho para quem se põe a ouvir.
É noite e os grilos em orquestra acalentam o corpo, convidando ao sono infantil, leve, sem medo nem hesitação, apenas presença.
Mal o sorriso vem e permanece, abre-se novamente a porta, e por ela entrevejo, tão claro quanto seria possível traduzir em letras, a presença do que está longe, mas que de tão semelhante, anda sempre às voltas.
Então pergunto: o caminho que vejo ao lado, decerto será meu também? Ao que o silêncio, fiel conselheiro, responde: só será, na medida em que já é. E de caminho trilhado em caminho trilhado, põe se calmamente à frente o que aguardava tranquilo ao lado.
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