quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Chuva de Verão

A água já se fazia por tardar. Havia esperado na janela a olhar para o céu, sem saber decerto o que aguardava. Sentia-lhe a inquietação segurar o passo rumo ao espetáculo que o trovão anunciava.

A brisa agitada serena por um instante, e o espaço de um suspiro prevê a chegada. A terra silenciosa abre os braços. Cai a primeira gota.

E se nós, como a terra, nos deixamos inundar, logo surpreende em nós o fluxo, transbordando o interior, regando as sementes. Pede lugar, abre passagem, limpa e cura, como dádiva a quem fora da prisão se aventura.

Nutre, porque o que limpa é também o que alimenta. E então, logo nos lembramos do que é feita toda a sede, emergindo vigorosamente do rio do esquecimento.

2 comentários:

  1. E há por aí muita sede interior por saciar...
    Um Bom Ano!

    Beijo :)

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  2. Que venha a chuva, caindo como se fosse um pedaço do céu, pronta para limpar aquilo que não se esconde, pra germinar o que por tanto tempo esperou a oportunidade, pra refrescar o que estava seco e prestes a rachar... Um momento para se limpar, para se fortalecer, ou para se deixar levar e acabar por fenecer.


    Desde pequeno gostei da chuva. Dormir com os dedos dela tamborilando a janela sempre foi um presente para uma boa noite de sono. Bom lembrar que coisas tão grandes podem ter ações diretas que são pequenas nas pessoas mas que podem significar tanto.

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