quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sentindo o dia

Claro claríssimo, um poço d’água com água dentro.
Misturam se sol e o frio no orvalho rebento.
De tantas coisas lidas, as que ficaram, tento.

Assim foram os últimos dias vividos
Trazendo no pulso o amanhã acolhido.

Palavra é tinta, atómo arranjado.
E palavra é mais, éter em desenho
que com delicadeza e véu
Funde-se em papel no céu que tenho.

A rima é pouca a dar conta do dia.
Do mês nem se fala, tamanha alegria.
Varre-te daqui tristeza perplexa
Retira teu gancho travado na testa.

Vai te embora, uiva, murcha e sai.
Que no meu poço, posso, e a água não turva
Lá no meu poço, peço, cala muda
Que eu já não te quero mais.

Caroline Derschner

3 comentários:

  1. Que bonito Cá. Me lembra aquela música do Legião Urbana da qual tanto falas.

    Um beijo,

    Gabriel

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  2. Que maravilha quanta alegria em poucos versos, que, de maneira simples, despertam um sorriso gostoso e discreto.

    Bom quando há dias em que fazer poesia toma o lugar de encadear idéias complexas e difusas. Tudo parece mais simples.

    Bacana o poema :) Parabéns!

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  3. "lá em casa tem um poço, mas a água é muito limpa"

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